segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Estranhamento - Ah, o normal!

Que estranho é o normal!
A vida segue seu ciclo. Nascemos, crescemos, reproduzimos, envelhecemos e morremos. O mundo segue em sua órbita: rotação e traslação. E assim o tempo corre. E assim os dias passam. Tudo... Normal! Vivemos satisfeitos (acomodados?). E assim levamos nossas existências, ou deixamos que ela nos leve: sem questionamentos, sem reflexões. Somente aceitando tudo aquilo que é normal, cotidiano, habitual.
Um fato normal que aceitamos sem ao menos refletir: A miséria. Vejamos: Ela é um fato cotidiano, habitual? Ok. Desde que nascemos convivemos com a miséria? Certo. Vemos pessoas com fome, familias que passam dias sem ter um teto pra morar e pessoas dormindo nas ruas e nem nos damos conta? Vale! Tá vendo? É normal! E então, esse fato humilhante e ridículo merece ser realmente ser aceito por nós só pelo o fato de ser normal? Tem o mínimo de sentido pra você, seres humanos iguais a nós não terem as mesmas condições de sobrevivência? Me diga caro leitor, se há algum sentido no fato de que no mínimo 5 crianças morreram de fome no mundo só enquanto você lê esse paragrafo. (Segundo a ONU, a cada ano morrem 5 milhões de crianças por fome, o que dá uma média de 12 crianças por minuto.)
Outro fato super normal: A discrimanação. O ato de separar, distinguir pessoas segundo um certo critério, é normal, habitual. Praticado todos os dias por todos nós. O Estado discrimina, a mídia discrimina, sua mãe discrimina, você discrimina. E quando falo isso, penso logo nos discursos afirmando que no Brasil não há racismo. Não que não exista, mas o racismo no Brasil é malandro. Age silencioso. O racismo no Brasil não age através de atos públicos nem de agressões. Ele se mostra através das novelas e programas de tv, que curiosamente quase não tem personagens importantes e apresentadores negros. Se mostra no humor com ar preconceituoso do brasileiro, que mesmo tendo vindo de uma grande mistura de raças, age como um idiota fazendo piadas que teriam bem mais graça se não fosse essa nossa ignorância de tratar o negro como um inferior. Se mostra no olhar diferente que demos ao negro, no pensamento diferente que temos com ele. Pois bem, indo direto ao assunto: Você discrimaria, ou seja, trataria diferente(ou pensaria diferente a respeito) um empresário bacana e branco? É, ver o preto e pobre se dar mal já é cultural. Pra aqueles que torcem o nariz, refitam: O que choca mais? O branco assassinado na porta de casa ou o preto morto na entrada da favela?
E o normal continua aí, gente! Imaginem quanta coisa normal: corrupção, o mal que sempre teve e sempre terá, mas que já faz parte da política brasileira; violência, aumentando a cada dia e nós apenas assistindo o massacre e torcendo pra bala não nos acertar; o estudo, crianças nas escolas sendo domesticadas, aprendendo à obedecer, e não a pensar; a cultura, cada dia mais apressados, na era do fast-food, querendo tudo rápido, instantâneo, líquido, dando mais valor ao ter do que ao ser. Enfim, a lista das normalidades é grande. Mas afinal, fica a indagação em forma de súplica revoltada: O que é normal pra você?
"Sabe… Ninguém se apavora se tudo acontece como o planejado. Mesmo se o plano for aterrorizante!" Coringa, em Batman - O cavaleiro das trevas.
João Victor.

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